Dói, mas é gostoso

Hoje não te deixo dormir

O que a lua traz consigo

Maldito Erich, quem te deu permissão para colocar nas suas letras, coisas que eu não ouso confessar nem pra mim mesma?

Maldito seja, tão distante, eu te condeno ao inferno novamente!

Eu te desprezei sem provar, talvez porque eu não soubera na época, que a decadência e a treva é onde se escondem os nossos eus sem máscara, despidos, gritando e vomitando e fodendo tudo ao redor, em chamas até virar cinzas, sentindo febre nos  ossos, desejando profundamente o indizível, o ilegal e o imoral, livre de regras e julgamentos dos outros. Estava errada, enfim. Ou então teria razão aquele dito que as mensagens só nos tocam quando é certa a hora. Sete línguas de fogo que "descem dos céus" não alcançariam onde eu as quero.

Nos cantos embolorados do nosso inconsciente, qualquer coisa que bombeia sangue parece um coração, qualquer coisa com perfume lhe parece uma flor, uma droga, uma vulva, uma declaração de amor. Toda música é estridentemente bela, tanto faz se é sua voz ou um coral de demônios, unhas que arranham o quadro negro, um orgasmo do inocente ou o berro de medo de quem dorme e acorda completamente só todos os dias. 

Estou acometida esses dias, dessa febre que não sara até que eu dê à minha mente o que ela quer, e suas músicas fazem com meus ouvidos o que eu quero que faça com meu corpo. Desejo e abstinência de mãos dadas pra me fazer perder a cabeça.

Maldito seja esse desejo de prazer e violência.

{ S.N.C. }  {no fim deste ato, Malachi e Salomé fazem juntos uma oração invertida}

Todo mal aqui dentro.