Os melhores dez segundos que alguém pode ter na vida, e eu aqui
desperdiçando com pensamentos que certamente não vão me levar a lugar
algum. Eu continuo deitado de costas, observando a deusa carnal que se
agita como um balanço em cima de mim. Eu sei que ela não me ama, e pode
ser por isso que estou, por dentro, tão apático. Frívolo, este breve
momento de apoteose tem data para expirar. É o momento em que aquele
vazio será preenchido, por dez segundos, por uma profunda conexão com o
infinito, e ao mesmo tempo, desconexão com o resto do mundo. E acredite,
pode ser um momento egoísta ao ponto de te desconectar daquela pessoa
que pode ter sido nada mais que uma ferramenta para alcançar o auge
diadêmico, e se for assim, estamos na posição certa. Ela vai me achar um
idiota depois se eu ousar pedir um abraço, mas eu queria sentir o
calor, a proximidade. Mas agora, somos um do outro apenas ponte para o
que almejamos.
Há momentos assim na vida, oh, não diga que eu sou cruel e insensível, eu sou realista! Vai me dizer que nem por um segundo você não se sentiu assim, não pensou nisso? Quantas coisas-pessoas são ponte para o seu auge? Por quantos cabos você se dopa? Quantos dez segundos são necessários para prencheer o seu vazio, para então cair na real que o vazio só aumenta quando é preenchido? Nós nos tornamos vorazes buracos negros ambulantes. Pensa que não? Eu caminho pelas ruas, shoppings, livrarias.. Eu vejo as pessoas cabisbaixas, e não sei se elas estão tristes, não.. elas estão cabisbaixas porque estão com seus olhos vidrados em pequenas telas. E quando chegam em casa, vidram seus olhos em telas maiores. Pessoas são números, coisas são obturações nos buracos da alma, causadas pelas cáries do ideal-ilusão. E aí nesses dez segundos em que nos desconectamos dessas frias telas de vidro, eu penso aqui, não me sinto nem um pouco conectado com ela, a garota. Que triste, que vazio, que mesquinho, que.... real. Isso é a vida real, eu afirmo ou pergunto. Porque as pessoas preferem viver nas telas, nas malditas telas. Vejo casais supostamente felizes, lado a lado no shopping, com seus rostos virados ..pra telinha. E aí vão fazer algo juntos, olhar uma tela gigante. E quando chegam em casa, vão olhar para uma tela média, fazer um tecnosexo e dormir. Essas telas se tornaram os pequenos sóis particulares de cada um, os avatares centro-do-universo que eles podem ter se tornado.. o Sol que eu me tornei com a ajuda dessas telas, e por essas telas, esta garota esta aqui agora, sobre mim, tão sôfrega, para cima e para baixo e ao mesmo tempo para frente e para trás. Ela está realmente emocionada, ou estou sendo ponte para o momento de conexão com o nada? Eu não me tornei o sol prticular dela, não.. Na verdade, aqui, neste momento, não me sinto estrela alguma. Não quero ser o sol particular de uma pessoa, quero ser o sol absoluto de todas as pessoas. Deus, você está nas telas?? Se não estiver, deveria, ou vai acabar sendo sugado para a categoria de mito como todos os outros deuses. E veja bem, eles não deixaram de sê-lo, apenas mudou-se o suporte. Nada foi tão popular nos ultimos tempos quanto criar deuses, a sua concorrência é desleal. Eu me pergunto se deuses podem sentir este calor, ou qualquer calor. Estão eternamente presos nisto que temos por apenas dez segundos.. mas os deuses estão/são as telas? Essas telas estão por toda parte, como deveriam estar os deuses, mas elas não têm calor. Este momento em que me encontro agora, eu queria sentir o calor, mas eu sei, a desconexão que virá a seguir será fria e abrupta, como o corte do cordão umbilical num parto à cesariana, que violência! Ela ri com escárnio, eu estou chorando? Seus olhos são azuis como telas brilhantes de LCD.. Ela absorveu para si os deuses pós-contemporâneos.. Eu quero absorver o mais antigo dos deuses, o próprio Sol. Portanto, que nasçam deuses frios pós-modernos e blasés, eu serei um deus com calor, calor humano que eu quero sentir...
Oh.. Está se aproximando, a luz cinzenta, no momento em que não há mais volta.. os melhores dez segundos que podemos ter na vida, eu sinto ela arqueando sobre mim.. Estou quase cego, mas vejo seus olhos azuis se fechando, à medida em que a boca se entreabre.. E até temos espasmos.. fomos desconectados do nosso próprio corpo, que treme em descontrole...Quando voltarmos, eu já terei perdido minha luz, e não terei sentido calor algum.
Eu ainda não o sou, mas o Sol é.
Há momentos assim na vida, oh, não diga que eu sou cruel e insensível, eu sou realista! Vai me dizer que nem por um segundo você não se sentiu assim, não pensou nisso? Quantas coisas-pessoas são ponte para o seu auge? Por quantos cabos você se dopa? Quantos dez segundos são necessários para prencheer o seu vazio, para então cair na real que o vazio só aumenta quando é preenchido? Nós nos tornamos vorazes buracos negros ambulantes. Pensa que não? Eu caminho pelas ruas, shoppings, livrarias.. Eu vejo as pessoas cabisbaixas, e não sei se elas estão tristes, não.. elas estão cabisbaixas porque estão com seus olhos vidrados em pequenas telas. E quando chegam em casa, vidram seus olhos em telas maiores. Pessoas são números, coisas são obturações nos buracos da alma, causadas pelas cáries do ideal-ilusão. E aí nesses dez segundos em que nos desconectamos dessas frias telas de vidro, eu penso aqui, não me sinto nem um pouco conectado com ela, a garota. Que triste, que vazio, que mesquinho, que.... real. Isso é a vida real, eu afirmo ou pergunto. Porque as pessoas preferem viver nas telas, nas malditas telas. Vejo casais supostamente felizes, lado a lado no shopping, com seus rostos virados ..pra telinha. E aí vão fazer algo juntos, olhar uma tela gigante. E quando chegam em casa, vão olhar para uma tela média, fazer um tecnosexo e dormir. Essas telas se tornaram os pequenos sóis particulares de cada um, os avatares centro-do-universo que eles podem ter se tornado.. o Sol que eu me tornei com a ajuda dessas telas, e por essas telas, esta garota esta aqui agora, sobre mim, tão sôfrega, para cima e para baixo e ao mesmo tempo para frente e para trás. Ela está realmente emocionada, ou estou sendo ponte para o momento de conexão com o nada? Eu não me tornei o sol prticular dela, não.. Na verdade, aqui, neste momento, não me sinto estrela alguma. Não quero ser o sol particular de uma pessoa, quero ser o sol absoluto de todas as pessoas. Deus, você está nas telas?? Se não estiver, deveria, ou vai acabar sendo sugado para a categoria de mito como todos os outros deuses. E veja bem, eles não deixaram de sê-lo, apenas mudou-se o suporte. Nada foi tão popular nos ultimos tempos quanto criar deuses, a sua concorrência é desleal. Eu me pergunto se deuses podem sentir este calor, ou qualquer calor. Estão eternamente presos nisto que temos por apenas dez segundos.. mas os deuses estão/são as telas? Essas telas estão por toda parte, como deveriam estar os deuses, mas elas não têm calor. Este momento em que me encontro agora, eu queria sentir o calor, mas eu sei, a desconexão que virá a seguir será fria e abrupta, como o corte do cordão umbilical num parto à cesariana, que violência! Ela ri com escárnio, eu estou chorando? Seus olhos são azuis como telas brilhantes de LCD.. Ela absorveu para si os deuses pós-contemporâneos.. Eu quero absorver o mais antigo dos deuses, o próprio Sol. Portanto, que nasçam deuses frios pós-modernos e blasés, eu serei um deus com calor, calor humano que eu quero sentir...
Oh.. Está se aproximando, a luz cinzenta, no momento em que não há mais volta.. os melhores dez segundos que podemos ter na vida, eu sinto ela arqueando sobre mim.. Estou quase cego, mas vejo seus olhos azuis se fechando, à medida em que a boca se entreabre.. E até temos espasmos.. fomos desconectados do nosso próprio corpo, que treme em descontrole...Quando voltarmos, eu já terei perdido minha luz, e não terei sentido calor algum.
Eu ainda não o sou, mas o Sol é.
Sunny Heathcliff
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