Então, eu sei que esse não é o momento mais adequado para pensar sobre isso.
Estou deitado de costas, de certa forma eu sei, algo está se movendo, mas me sinto desconectado.
Perguntando-me sobre os artifícios dos outros, tantos outros, como eu, aí afora, buscando a perfeição. Estão sofrendo, tanto, e sorriem alguns, com sangue em suas gengivas; sorrisos grandes de bonecas impedidas de amadurecer, de fechar o semblante... Somente para continuar tocando o show. Minha atitude pode dizer, sou um niilista, ou então realmente não me importo picas, com ninguém. Eu consegui o auge almejado, planejado. O auge que cuspiu em mim quando eu me mantinha ancorado no fundo do poço, que não passava de uma ilusão. Esta apoteose não é também uma ilusão? Eu só queria que todos me adorassem como um deus, e eu só queria que minha amada para mim se vestisse de preto. Do que estou falando? É isso, um ícone, sou um iconoclasta. É o ícone da acenssão e morte do deus; estive no meu mais baixo eu, agora alcanço a iluminação do solstício de inverno, para novamente retornar às cinzas, e verei minha amada vestida de preto para mim. E isso acontecerá, sim, pois eu sou o próprio sol. Meu brilho, meu calor, ofusca tudo a minha volta que me alimenta, enquanto me consome: é esta a tragetória de um deus, eu estou destinado a ser um deus!
Para você conseguir tudo, precisa se desfazer do que tem. Você retira de si, faz o vazio, para ser preenchido com o que almeja, com o que realmente quer. Tanto o auge quanto a decadência, o vazio quanto o caos também são ilusões. Criamos vazios artificiais para serem preenchidos com expectativas igualmente irreais. Artificial não é irreal, não, eu disse errado. Artificial é aquilo que é criado, que não é natural, muitas vezes é uma tentativa de imitar o natural. O artificial é planejado, um constructo. E pensando assim, sou eu também, artificial.. Olha aí, minha tragetória sempre foi manipulada e construída; ora por outras pessoas, ora para outras pessoas. Eu sou um deus constructo. Foi a sacação do momento, você se livra do caos, os pecados, as coisas que colidem consigo mesmas e que te fazem entrar em conflito. É um passo para se tornar perfeito. Depois, você dá um jeito de se tornar onipresente. Com a tal da internet, essa é a coisa mais fácil. VocÊ se livra dos vícios, que é o que te mantém na decadência, e a partir daí, é só alcançar o auge. Para, obviamente, morrer novamente à cada crepúsculo. Será este o ciclo de todos os deuses? Cada deus não foi uma estratégia da humanidade, para ter algo maior com o que preencher seus grandes vazios? Seus vazios, criados, pela ilusão de serem incompletos..Isso me faz sentir um amargo na boca, que nenhum outro sentirá, pois são mantidos dopados, com canos grossos de drogas entrando nos buracos, preenchendo os vazios. É tudo parte de um grande plano, este ciclo? O vazio é mesmo necessário para a perfeição? Me pergunto então por que somos fadados a nos sentirmos incompletos, desamparados, sempre procurando algo que nos preencha, e com isso, criando ninhos de caos. Criando, inventando, artificial, aquilo que nos falta! Falta mesmo? Ou é a falha desimportante de um deus? Criar e destruir: essas bonecas, seus deuses e mitos, seus auges e decadências.. Um ambiente propício para a evolução? Tudo é artificial e portanto vazio, então. Menos o sol, que apenas surgiu. Eu sou um frio reflexo do sol. Tal como reflexo, invertido, ilusão. Eu sou o próprio resultado da fragmentação do deus do vazio.
Eu sou..Ou penso ser.
Sunny Heathcliff

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