Clube dos Divinos

Quatro amigos, deitados direto na grama úmida, olhando as estrelas imergidos na noite, a festa rolava do outro lado da casa.
Se levantaram dois amigos e começaram a lutar no escuro, suas sombras se fundiam com a escuridão interrompida apenas pelo distante luar.
Era uma luta e uma dança. Os golpes, não tão fortes, mas suficientes para fazê-los se sentirem vivos. A menina achava graça, com o outro enredado em seus cachos.
Um dos outros dois cai. O outro limpa algo no canto da boca, se abaixa para conferir o outro e lentamente se aproxima, cada vez mais perto.
Enfiando a mão dentro da calça do amigo, o que estava caído puxa o rosto do outro que por um segundo se assusta.
-Não curto essas coisas, cara. - ele disse, com certo sarcasmo, jogando o cabelo pra trás.
-Como sabe? Nem nunca experimentou. - o outro rebateu, apertando o que tinha nas mãos.
O momento de susto passou  depressa, recuperando-se e ele falou:
-Então me deixe exausto na luta. - disse abafando o gemido, causado pelo órgão que se retesava na mão do amigo, bateu-lhe de leve duas vezes no rosto e ajudou-o a se levantar. Voltaram a lutar. O terceiro, que beijava a garota com empolgação, disse já acendendo o beck:
-Eu quero ver, onde isso vai dar.... - puxou fundo, cambaleou, "essa é da boa".
-Por que não entra no meio? - ela incitou, sorvendo a bebida verde-azulada.
Ele sorriu e passou a bola pra ela, que enquanto puxava, voltava à posição horizontal. O rapazinho deu mais uma bola no cigarrinho, outro ainda mais fundo... passou-o de forma definitiva pra garota e foi, num pulo, se convidando à brincadeira agressiva.
  "Relativo, né? Cada um expressa tesão conforme lhe convém", ela pensou, aproveitando a erva boa.

Na manhã seguinte, sangue cuspido com orvalho manchava a grama, camisas molhadas coloriam o chão, e um carro com quatro pessoas tinha os vidros cada vez mais embaçados.