Fragmentos

..o que não deve ser esquecido.

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20110202

When the levee Breaks - II



Uma gota a mais e a barragem vai quebrar.
Judith avisou a todos que quiseram ouvir.
Havia uma chance da enchente não inundar todo o condado, alguém tinha que fixar a rachadura na represa.
Thomas longe, esse era um trabalho pra ele, que se dizia experts em represas e pontes, mas na verdade, colocava de pé apenas muros bem altos, trincheiras, fortes.
Cada um tem uma obrigação naquele condado. Independente do resto do mundo, mas necessitando apenas uns dos outros, funcionava como engrenagem aquela vila metaforicamente bíblica. Como ele pôde abandonar seu ofício, como ele pôde colocar a culpa de seu abandono nos outros? Por quê, não foi ele quem se mostrou disposto a esse ofício?
Anciões colocaram de pé a vila, ensinaram a arte da tolerância e da lealdade, e principalmente, da honestidade com o próximo.
Anciões que hoje, pareciam não mais existir na memória de uns poucos que viram as costas para seus próprios irmãos. Estes decidem por conta própria abandonar o condado. Como Rose, que nunca mais foi vista, embora envie cartas esporádicas para Breña e Pearl.
Rose tinha o ofício de bordadeira, a priori, a sorte é que haviam outras bordadeiras. Mas com a falta de uma pessoa no tricô, pode ser que no próximo inverno faltariam agasalhos para todas as crianças. Pode ser que um idoso morresse de frio. Mas agora, tudo o que pensavam era no barulho da água, da represa rachando... Talvez não sobrasse ninguém para ver um próximo inverno.
Magdalena desperta, grita desesperadamente para que Judith desça da represa. Esta responde:

Tenho medo de ficar, mas tenho que ficar, senão, outros podem se ferir!
Judith, não seja tola, ainda há uma chance de fugir. Nós duas vimos isso acontecer tantas vezes, não estás um tanto cansada?
Eu mesma vou segurar a represa com minhas próprias mãos se necessário!
Não tens força pra isso, mulher! Não é do seu ofício remendar uma rachadura tão profunda, que você alertou tantas vezes a Thomas que isso aconteceria. Ele tem que cuidar dessas falhas, e antes que seja tarde demais!
Não, eu acredito na força da represa! Eu vi Thomas construindo. Eu construi junto com ele. Quando ninguém mais acreditou que eu pudesse, debaixo de sol e chuva, eu o ajudei a contruir a represa.
E ele mesmo deixou que ela se danificasse!! Se ele prestasse atenção ao menos uma vez, que não adianta contruir uma unica vez, coisas precisam de reparo e cuidado. Suas próprias ações exageradas contribuiram pra rachadura na barragem. Desça daí, mulher! Vais morrer!
Tenho medo de morrer... tenho medo de me ferir mais do que posso suportar. Nessa mágoa já me afoguei tantas vezes, é natural meu medo de prosseguir. Mas eu o prometi que cuidaria de tudo...
Tu cumpres com tuas promessas, mulher. Mas onde ele está, que deveria aqui estar cumprindo a promessa que ele fez? Quantas das promessas que ele lhe fez foram cumpridas com honestidade?

É difícil assumir a responsabilidade por um dano que foi feito pelas mesmas mãos de quem contruiu. Este, que leva os louros pela perfeição de suas obras, não reconhece o quanto elas estão fadadas à podridão sem constantes cuidados e manuntenção. Um simples muro não segura a força de um rio, uma simples palavra não muda a constância de uma lágrima carregada de anos de dor. Por isso, não é mais fácil e confortável culpar aos outros? "Eu construi, mas quem destruiu? Não fui eu, não faz sentido." - Só quem conhece muito bem uma construção pode saber onde estão seus pontos frágeis, arquitetar mesmo que inconscientemente, sua destruição.

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