
No entanto, a chuva que começara há quatro dias, fininha mas tormentosa, desanimava as pessoas à sair de casa.
"Já passamos por tempestades de verdade, isso aí é uma garoinha", dizia Breña, bebericando o café - sem açúcar. O amargo da mágoa é o que nos ensina o quanto os momentos de felicidade são doces. E não merece o doce quem não conhece o amargo. Isso é verdade mesmo? - Maynard não podia deixar de questionar.
Só não contavam que a mesma tempestade de tantos meses atrás estivera enchendo a lagoa da represa. A represa ameaçara de romper, mas medidas paliativas de emergência, com poucos recursos, havia segurado até ali. Thomas era o vigia da represa, basicamente contruiu-a com suas próprias mãos, mas não sozinho, nunca sozinho. Ele se dizia um especialista em pontes, mas parecia mais determinado erguendo muros, fortes e trincheiras. Seu sonho era morar no alto do farol, com Judith, é claro.
Esta então, passou a vigiar a barragem até que Thomas voltasse. Com um beijo suave e uma carícia de bebê, ele havia lhe dito "te amo muito" e ela perguntou se ele voltaria. Não houve resposta, apenas um rosto avermelhado e uma lágrima que não caiu.
Durante toda a noite, sentada na represa a lamentar, tudo o que gostaria de ter feito e não fez. O que deveria ter dito, o que deveria ter tentado. Mas lembrou-se de suas forças esgotadas, lembrou-se da sua incopetência, lembrouse da marginalidade de Magdalena. Viu o rosto da mulher refletido na água, raivosa, insolente, maliciosa, vingativa. Sentiu seu rosto corar, e voltou a rezar:
Oh cryin' won't help you, prayin' won't do no good
When the levee breaks, you got to lose
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