Fragmentos

..o que não deve ser esquecido.

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20110228

Carnival 1

Esse cabelo, com esse chapéu, com essa menina.
Não era uma menina, era o carnaval.
Não era o carnaval, era um figurino.
Era um ser com figurino de menina.
Frágil, inocente, mas diferente da expectativa.
Lascas de madeira pelo chão, essa porta foi esmurrada.
Cacos de vidro nessa cama, essa janela foi quebrada.
Essa pessoa foi fugida, fugida contra sua vontade.
Não era vontade, era uma música. Não era poesia, era uma lição.
Era um ato desesperado, inspirado por uma música, motivado por uma lição.
Pontuada pela alegria e pela tragédia, a lágrima na teia desenhada daquele rosto.
Não é uma teia, são as veias no rosto sob a pele transparente.
Pedaços de tecido por toda parte, esse vestido foi rasgado.
Manchas de sangue naqueles tecidos, esse corpo foi violado.
Mais de uma vez, na ponta dos pés, diante daquela janela, o ser de sonhos pensava em saltar.
Mais de uma vez, enganada e roubada, a alma certa no corpo errado, a hora certa no momento errado. Uma pessoa equivocada, uma multidão com raiva, a sina do sonho, o sino azul vibrando.
Pela manhã, o sol se abre em cores do dia, era quarta-feira-de-morreu-maria, acabou-se o figurino, acabou-se a fantasia. Mil e quinhentos pensamentos, mil dólares por eles. Um real naquela garrafa, por um sorriso de cinquenta centavos. Quebra-se a garrafa, com se partem corações aos pedaços...
Nessa época, trabalham os médicos e seus empregados, estão eles juntando os pedaços, do que por três dias foi a materialização de um sonho de anos e anos.
Uma mecha de cabelo num chapéu; não sobrou menina. Novamente só, se consumindo enquanto dormia. Não sobrou nada.

2 comentários:

  1. sem mais nem meio mais, nem palavras
    amazing

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  2. Excelente, srta. Excelente. Gosto do ritmo que escreves. Inspira-me.

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