A origem e a cura para todo mal

Ter de optar. A separação definitiva.
A origem de todo vício, é a cura para todos os males.

Naquele ano, o bonsai não floresceu. Os cinco filhos de Magdalena haviam sido levados, pelo arrogante deus das colheitas, o adorador da cabeça de boi; seriam o sacrifício perfeito.
Ela já não chora mais, pois aprendeu, não importa ter todos os argumentos, quando seu inimigo às vezes parece ter apenas muita força. Orestes pensou que o bonsai havia morrido.
Pearl apareceu pela tarde, embebedada, alegando, aquilo a fazia esquecer de quantas cicatrizes ela já nem conseguia mais contar em seu coração. "Este vinho do salvador é o próprio salvador, que Judith acredita com toda força, é disto que estava falando..." - Orestes não a olhou nos olhos. Sabia, você é a vítima das próprias tragédias que cria. Você é a vítima das regras pelas quais vive, e agora, estavam todos pagando muito caro, muito caro mesmo.
Thomas nunca os mostrara uma maneira de perdoá-lo, uma vez que ele próprio quem envenenara o bonsai de Magdalena, que seria seu único consolo após a morte dos filhos. Thomas nunca mostrou duma maneira que ele os perdoaria. Pearl sequer conseguia acompanhar, ela, que costumava ser uma criança no alto da árvore, os cabelos com redemoinhos do meio do mar, caiu no vício e na desesperança.

Por que bebes, Pearl?
Estou apaixonada.
Pelo que, mulher?
Sequer consigo nomear, eu procuro tanto em cima quanto embaixo, mas não encontro o que quero.
Queres um pouco mais de si mesma.
E tu, mulher Magdalena, sabe o que queres? Seu bonsai não florescerá, se não regá-lo com amor e perdão.
Ah, o amor, Pearl, veja bem.. é a própria origem dos vícios, colocamos a culpa no amor, e depois, o queremos de volta, para curar nossos males. O amor pode ser a resposta, porém, ninguém quer sangrar por ele.
Eu o faço!
Nem por amor-próprio, Pearl. Nem por juízo, nem por vingança, nem por sabedoria. Volte a dormir, mulher, que eu sepultarei meus filhos ao ritmo dos tambores de guerra.

O que eu preciso é paz amor e compreensão.